Crise na Saúde
Maternidade da Santa Casa deve reabrir em uma semana
Os 19 leitos estão fechados há 11 dias
Carlos Queiroz -
Mesmo sem ter os repasses estaduais normalizados, a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas está fazendo de tudo para restaurar o atendimento na Maternidade. Desde o início do mês, os 19 leitos reservados para a especialidade estão sem uso. Apenas os partos particulares agendados antes do fechamento das vagas foram mantidos. Outros hospitais da cidade e da região estão de sobreaviso para absorver a demanda.
Com a pausa na prestação do serviço, os obstetras que trabalhavam no setor foram dispensados. Agora, a administração da Santa Casa está contratando outros profissionais para repor o quadro funcional. Lauro Melo, provedor da instituição, estima que sejam necessários dois médicos para cada plantão de 24 horas. Ele espera encerrar as conversas com os trabalhadores até quarta-feira (15).
Dessa forma, a expectativa do gestor é de reabrir a Maternidade, no máximo, até a próxima segunda-feira (20). Os 33 leitos clínicos, que dão retaguarda ao Pronto-Socorro de Pelotas (PSP) e à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), também foram fechados. Ainda não há previsão para a retomada deste atendimento. Isso só deve acontecer depois que a situação dos partos for normalizada.
A crise nas finanças da Santa Casa é antiga, mas se agravou nos últimos meses com o atraso no repasse dos incentivos estaduais. De acordo com Melo, o Estado ainda não repassou os R$ 150 mil referentes ao mês de maio. "Falta dinheiro até para comprar remédio", constata. Os trabalhadores do hospital também foram atingidos pela crise. Todos eles estão recebendo o salário parcelado ao longo do mês.
O provedor esteve em Brasília na última semana para conversar com o ministro da Saúde. Ele buscava saídas para as dificuldades financeiras. O caminho encontrado foi pleitear verbas extraorçamentárias. A prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) encaminhou um ofício ao órgão pedindo o repasse de R$ 5,5 milhões à Santa Casa. O dinheiro será usado para pagar dois meses de salário dos médicos (que estão em atraso), dois meses de insumos e evitar o parcelamento da folha de pagamento. Não há data prevista para a chegada da verba.
Um terço
O fechamento da Maternidade da Santa Casa impacta em outros hospitais de Pelotas e da região. Dados do Ministério da Saúde mostram que, no ano passado, a instituição foi responsável por cerca de 37% dos partos realizados na cidade. Ao todo, 2.017 crianças nasceram naquele hospital - mais de 80% delas via SUS. Por isso, interromper o serviço durante 15 dias pode sobrecarregar outros locais.
Para cobrir a demanda gerada pelo fechamento dos 19 leitos, o Hospital-Escola (HE) da UFPel e o Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) da UCPel reservaram mais vagas para a Maternidade. Além deles, hospitais de Jaguarão, São Lourenço do Sul e Piratini estão aptos a receber gestantes de Pelotas. De acordo com Diego Espíndola, presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-RS), ainda não houve encaminhamentos a outras cidades.
Pelotas também é referência na região para partos de alta complexidade. Segundo Espíndola, a cidade está cumprindo com o seu papel e segue atendendo a estes casos, apesar da crise instaurada nos últimos dias.
A Santa Casa mantinha 33 leitos clínicos do SUS, que serviam de retaguarda aos atendimentos de urgência e emergência. Como eles também estão fechados, o PSP e a UPA correm o risco de ficar ainda mais sobrecarregados. Para evitar essa situação, o HUSFP e a Beneficência Portuguesa abriram mais dez leitos clínicos do SUS.
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